ORIGEM E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DE SÃO JOÃO DA PONTA[1]
A origem e a evolução
histórica do município de São João da Ponta, nordeste paraense, remontam ao ano
de 1894 quando o senhor Casimiro Antônio Freitas pensou a possibilidade da
fundação de um povoado à margem esquerda do rio Mocajuba. Na época, a área se
encontrava sob a jurisdição do município de São Caetano de Odivelas. Algum
tempo depois, uma determinada área às margens desse rio foi habitada pelos
senhores João Ferreira Campos e Manoel Inácio Ferreira, tal área era conhecida
“desde tempos remotos” como “ponta”.
A partir das memórias
dos moradores Felipe Neri Ferreira Neto[2],
Raimundo Monteiro Coelho – seu Cutia[3]
e Zacarias Monteiro Bandeira – seu Zaca[4],
o nome do município deriva-se de uma denominação dada pelos próprios moradores
como “pontas de abas” aos terrenos desenhados junto aos meandros (curvas) do
rio. Nesse caso, o rio Mocajuba que banha a frente da cidade de São João da
Ponta.
O nome então surgiu da
união entre o nome do santo de devoção local, São João Batista, a essa ponta de
terra onde se instalaram os primeiros moradores. E assim surgiu o nome São João
da Ponta. Tais áreas “pontas de abas” pertenceriam a Marinha e hoje estão
incorporadas ao uso da Reserva Extrativista Marinha de São João da Ponta.
Procurando atrair novos
moradores para a recém-ocupada área, localizada nessas “pontas de abas” do rio
Mocajuba, os senhores João Ferreira Campos e Manoel Inácio Ferreira falavam
para as pessoas sobre a beleza do local. Desse modo, o número de habitantes
cresceu. E cresceu ainda mais com a doação feita pelos senhores João Ferreira
Campos e Manoel Inácio Ferreira de cerca de 220 metros quadrados de terras para
os interessados em habitar aquela área.
Um ano depois, em 1895,
resolveu-se organizar uma “Comissão para a Fundação do Povoado de São João da Ponta”.
Essa comissão foi presidida pelos senhores: Felipe Neri Ferreira, Manoel João
da Costa e Abel Ferreira da Silva Bandeira. Nesse sentido, foi apresentado pelo
então deputado estadual, o senhor João Rodrigues dos Santos, o Projeto de Lei
nº 324, que foi aprovado no dia 06 de julho de 1895.
Surgiu-se, a partir
daí, o povoado de São João da Ponta pertencente ao município de São Caetano de
Odivelas.
Segundo o antigo
manuscrito intitulado “Resumo da Vila de S. João da Ponta, Município de
São Caitano de Odivelas”, redigido pelo senhor Abel Ferreira da
Silva Bandeira, que participou na presidência da “Comissão para a Fundação do
Povoado de São João da Ponta”: “esta comissão deu inicio a planta, edificação e
povoamento”. E ainda, no mesmo
manuscrito, ele nos cita um trecho do Diário Oficial de 9 de julho de 1895.
“Artigo 8º ficou
considerado: Parágrafo 1º Povoação fazendo parte do Município do São Caitano de
Odivelas os povoados de São João da Ponta e Nossa Senhora da Trindade com a
presidência do intendente então João Rodrigues dos Santos foi inaugurado a 7 de
setembro de 1895”.
No entanto, o povoado
de São João da Ponta observou um considerável crescimento populacional. Nesse
sentindo, o manuscrito do senhor Abel Ferreira da Silva Bandeira, nos apresenta
as seguintes informações, reescritas aqui conforme a escrita do texto original:
Quanto à localização do novo
povoado assim ficou delimitado:
“Sua posição geográfica
Ao Norte o rio Mucajuba Ao Sul a povoação Vila Nova, ao Oeste, o rio Mujuim e a
Leste: a povoação Marauá”.
Já o espaço, estaria ocupado e
ordenado da seguinte maneira:
“Tem 4 ruas e 5
travessas, 130 casas modestas, 1 prédio para a Escola rural Mateus do Carmo,
Igreja, Cemitério e 2 trapiches(...) 6 casas comerciais, 2 escolas pública e
particular, clube musical e futebolístico”.
Quanto o número de habitantes:
“Sua população é de
1.200 almas”.
Quanto ao eleitorado dos moradores
temos:
“O eleitorado é quase
todos baratistas[5]
sobre a chefia do vereador Manoel Ramos Ferreira”.
Observa-se nessa época
a necessidade de uma estrada que ligasse São João da Ponta a capital Belém:
“Oxalá se o governo
fizesse ligar São João da Ponta a Belém pela rodovia Getúlio Vargas”.
Em 22/10/1900 o mesmo
deputado, o senhor João Rodrigues dos Santos, apresentou o Projeto de Lei nº
797, passando assim, o povoado de São João da Ponta, a categoria de vila.
A luta pela emancipação
da vila de São João da Ponta começou no ano de 1986, quando foi criada a
“Primeira Comissão” com o objetivo de criação do município de São João da
Ponta. Esta primeira comissão emancipatória foi formada pelos senhores Santino
Rodrigues Barroso, Leandro Dalmácio Lima, Francisco Chagas, Raimundo Rodrigues
Barroso e Eduardo dos Anjos Pereira.
Entretanto, naquele
primeiro momento, o objetivo pela separação entre a vila de São João da Ponta e
município de São Caetano de Odivelas, não foi possível. Mas a luta pela
emancipação continuaria.
Em 1994 foi criada a
“Segunda Comissão” com o objetivo de criação do município. Esta segunda
comissão emancipatória foi formada pelos senhores: Josué Moura, Rui Bandeira,
Orlando Monteiro, Abmildes Campos da Silva, Manuel Ribeiro Cavalcante, Severino
Palheta (Carioca), Ilzo Cristo e Francisco de Assis Monteiro Filho (Tia Chica).
A força da organização
das duas comissões emancipatórias aliadas às reivindicações dos moradores da vila
de São João da Ponta, teve como resultado a organização e realização de um
plebiscito que convocou a população a votar “SIM” ou “NÃO” pela emancipação da
vila do município de São Caetanos de Odivelas.
No dia 06 de agosto de
1995 votaram 1.814 eleitores. O “SIM” venceu com 46 votos de diferença em
relação ao “NÃO”. Houve 26 votos em branco e 16 votos nulos.
E assim, o município de
São João da Ponta foi criado por meio da Lei Estadual nº 5.920, de 27 de
dezembro de 1995, assinada pelo então presidente da Assembleia Legislativa, o
deputado Zenaldo Coutinho e sancionada pelo então governador Almir José de
Oliveira Gabriel. Sua criação ocorreu do desmembramento do município de São
Caetano de Odivelas. E no dia 1º de janeiro de 1997, foi instalado com a posse
do prefeito, o senhor Aurélio Calheiros de Melo, juntamente com os vereadores e
vice, eleitos em 03 de outubro de 1996.
[1] Baseado nas
informações contidas nos manuscritos orais “Histórico de São João da Ponta”
elaborado pelos moradores Leandro Dalmácio Lima, Antonia Maria Cabral Monteiro
e dona Perciliana; e “Resumo da
Vila de S. João da Ponta, Município de São Caitano de Odivelas”, redigido pelo
senhor Abel Ferreira da Silva Bandeira.
[2] Homem, 90 anos, comunidade
Campina Grande, 16 de agosto de 2011.
[3] Homem, 75 anos, comunidade Açú,
30 de julho de 2011.
[5] Corrente política ligada a
Joaquim de Magalhães Cardoso Barata, interventor e governador do estado do Pará
durante os anos de 1930 a 1959.
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Extraído do Portal São João da Ponta a partir de narrativas orais. <http://historiaoral.com.br/saojoaodaponta/nossahistoria.html> Acesso em 28/09/2012.
Praça Matriz de São João da Ponta
Ao fundo a antena do Programa NAVEGAPARÁ que disponibiliza sinal de excelente qualidade para os computadores portáteis dos alunos do município através do Programa Um Computador por Aluno - PROUCA.
O QUE É O UCA TOTAL?
O Projeto UCA (Um Computadorpor Aluno) foi apresentado ao governo brasileiro em 2005 e, em 2007, foi implantado em cinco escolas de 5 estados brasileiros (São Paulo-SP, Porto Alegre-RS, Palmas-TO, Piraí-RJ e Brasília-DF)como experimentos iniciais. Em 2010, 300 escolas públicas foram selecionadas em estados e municípios para receber 150.000 laptops educacionais. A meta é que cada escola receba laptops para alunos e professores, além de infra-estrutura e acesso a internet e capacitação de gestores e professores no uso da nova tecnologia.
Capacitação dos professores em São João Ponta |
O Projeto UCA (Um Computadorpor Aluno) foi apresentado ao governo brasileiro em 2005 e, em 2007, foi implantado em cinco escolas de 5 estados brasileiros (São Paulo-SP, Porto Alegre-RS, Palmas-TO, Piraí-RJ e Brasília-DF)como experimentos iniciais. Em 2010, 300 escolas públicas foram selecionadas em estados e municípios para receber 150.000 laptops educacionais. A meta é que cada escola receba laptops para alunos e professores, além de infra-estrutura e acesso a internet e capacitação de gestores e professores no uso da nova tecnologia.
O objetivo do projeto é socializar novas formas de utilização das tecnologias digitais nas escolas públicas e promover a inclusão digital escolar com uso pedagógico das TIC.
O fim deste esforço é fomentar uma mudança pedagógica com atitudes inovadoras no contexto escolar, visando a melhoria da qualidade da educação.
Mais do que isso, a idéia do laptop nas mãos dos alunos é permitir o acesso à informação e novas formas de ensinar e aprender com o uso das tecnologias digitais.
FONTE: Elizabeth Braga de Souza (Professora Formadora-S.J.P./Multiplicadora NTE-Benevides)
Formação Administrativa
Prefeitura de São João da Ponta |
Em divisões territoriais datadas de 31-XII-1936 e 31-XII-1937, figura no município de São Caetano do Odivelas, o distrito de São João da Ponta.
No quadro fixado para vigorar no período de 1944-1948, o distrito de São João da Ponta permanece no município de São Caetano do Odivelas.
Em divisão territorial datada de 1-VII-1960, o distrito de São João da Ponta permanece no município de São Caetano de Odivelas.
Assim permanecendo em divisão territorial datada de 1-VI-1995.
Elevado à categoria de município com a denominação de São João da Ponta, pela lei estadual nº 5920, de 27-12-1995, desmembrado de São Caetano de Odivelas. Sede no antigo distrito de São João da Ponta. Constituído do distrito sede. Instalado em 01-01-1997.
Em divisão territorial datada de 15-VII-1997, o município é constituído do distrito sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 2005.
Gentílico: são joão pontense ou pontense
Prefeito: Nelson Almeida Santa Brígida (PT) (2009–2012)
Manifestação Cultural:
O Carimbó
Grupo de Carimbó "Fruto da Terra" |
Veja o vídeo do Grupo de Carimbó "Fruto da Terra" clicando aqui!
O Carimbó era considerado uma atividade cultural forte na região, quando o município de São João da Ponta ainda era distrito do município de São Caetano de Odivelas. Neste período existiam os grupos de Carimbó Pinga Fogo (mestre Deodoro), Capim Gordura, Em Cima da Reponta, entre outros. Após a emancipação de São João da Ponta, em dezembro de 1995, os grupos de Carimbós foram se desfazendo por desestímulo da própria comunidade, uma vez que os mais jovens não manifestavam interesse em manter a cultura local. Hoje, apenas o grupo de Carimbó Fruto da Terra, do mestre Apolinário, realiza apresentações nas festividades do município. O grupo é formado por 07 (sete) integrantes, dos quais um toca saxofone, um no banjo, um na maracá, um na onça (cuíca), um no vocal e dois no curimbó (médio e novo). O curimbó é um tambor confeccionado com madeira de mucajá ou abacateiro, ambas encontradas na região, e recoberto com couro de boi. Já a maracá é o instrumento de percussão que dita o ritmo da música, ora mais rápido ora mais compassado.
Seu Pedro Carimbó |
Seu Vitor |
Seu Pedro Bandeira, mais conhecido como Pedro Carimbó e Mestre Vitor da comunidade de São Francisco são personalidades bastante conhecidas no município por suas letras e músicas em prol do Carimbó de São João da Ponta com letras que retratam a paisagem e modo de vida de seus cidadãos.
As Festividades
O município de São João da Ponta é rico em expressões culturais de diversas origens e influências, principalmente as indígenas e portuguesas. São manifestações culturais que estão vinculadas ao calendário religioso e nelas se misturam aspectos sagrados e profanos. As manifestações religiosas são uma constante reveladora do comportamento peculiar das cidades do interior paraense. Com frequência motivam além das manifestações de fé, atividades de cultura ligadas à tradição popular. As principais manifestações religiosas de São João Ponta são:
- Festa da São João, realizada em junho, na comunidade de Deolândia.
- Círio de São João Batista, realizado em junho (14 a 24/06);
- Festa de São Pedro, na qual é organizada uma procissão marítima pelo rio Mocajuba, em 29 de junho;
- Festividade de Nossa Senhora do Bonfim, comemorada em setembro;
- Festa de São Francisco, comemorada em outubro, na comunidade de mesmo nome;
- Festa de Nossa Senhora da Conceição, realizada de 02 a 08 de dezembro;
- Mastro de São Benedito, realizado em dezembro na sede do município;Contos e lendas
Em conversas informais os moradores, principalmente os mais
idosos, compartilham, através da oralidade, acontecimentos sobrenaturais
ocorridos com eles ou com algum conhecido. São os tão conhecidos casos de
lendas, visagens e assombrações, que inundam todo o universo amazônico, assumindo
variadas versões.
Em São João da Ponta, estado do Pará, dentre os causos que inundam o
imaginário dos moradores, estão: As Oiaras dos igarapés e rios, A feiticeira (também conhecida como
Matinta Perera), A Curupira que confunde os passos dos caranguejeiros no
mangue, as Cobras Grandes dos rios Mocajuba e Mojuim, a alma penada que vaga
pela estrada, gente que se transforma em bicho entre outras histórias que
ouvimos
RESERVA EXTRATIVISTA MARINHA DE SÃO JOÃO DA PONTA
Visite São João da Ponta!
Referências
ICMBIO, Caracterização dos aspectos socioambientais e econômicos da Reserva extrativista de São João da Ponta e proposta de estudos complementares, 2010.
DEPOIMENTOS DE MORADORES. São João da Ponta-PA, 2011.
UCA TOTAL SÃO JOÃO DA PONTA. São João da Ponta-PA, 2011. Disponível em: http://www.ucatotalsjp.blogspot.com.
Portal São João da Ponta a partir de narrativas orais. Nossa história. Disponível em <http://historiaoral.com.br/saojoaodaponta/nossahistoria> Acesso em: 28 de set de 2012.
IBGE, Cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default2.php.
IBGE, Cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/default2.php.
Fotos: Wellingtton Fernandes e Walter Rodrigues.